Caça-palavras digital: o que tanto buscamos?
Não é de ontem que o brasileiro é conhecido mundo afora por sua natureza comunicativa. Mas para a turma que trabalha com SEM e SEO, a questão talvez seja entender se essa característica também se reflete na forma como fazemos nossas buscas por aqui.
Para encontrar a resposta para essa pergunta, usei os dados disponíveis no Hitwise, uma ferramenta da Serasa Experian que mede o comportamento de busca e navegação de cerca de 500 mil pessoas no Brasil e mais 25 milhões no mundo.
Eis que, em média, na hora de procurar por produtos e serviços, nós aqui usamos um número maior de palavras que os internautas dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França.
Para aprofundar a questão e chegar logo aos números, os dados referentes ao 4º trimestre do ano passado mostraram que a maioria das buscas dos brasileiros contiveram três palavras (21,55% do total das buscas). Já nos Estados Unidos e Reino Unido, o pessoal é ligeiramente mais econômico, a maioria contendo duas palavras (23,95% e 28,92%, respectivamente, em cada país), o que provavelmente está ligado à natureza do idioma inglês. Mas os campeões em poder de síntese foram mesmo os franceses, concentrando a maior parte das suas buscas em apenas uma palavra (30,70%).
Esse fato curioso se torna ainda mais interessante ao fazermos análises em diferentes períodos de tempo, vermos os termos que geraram mais tráfego para um determinado concorrente ou mesmo as palavras que mais cresceram na última semana em uma categoria específica de sites.
Como uma das categorias mais populares na internet é a de sites de varejo, resolvi olhar os produtos mais procurados durante as últimas 12 semanas de 2010, período que antecede o Natal.
Numa análise comparativa com um ano atrás, houve termos inéditos que entraram para o ranking dos 20 primeiros em 2011, como “tabela fipe”, “barbie”, “perfumes importados”, “tenis”, “xbox 360” e “sapatos femininos”. Houve também aqueles que perderam posições ou que simplesmente saíram do ranking, como “mp10”, “oakley” e “playstation 2”.
Entender como o consumidor pensa no momento de montar uma campanha e como ele se comporta durante esse período são desafios permanentes. Por isso, a análise dos termos de busca pode revelar-se muito mais útil do que se pode imaginar na hora de entender os desejos e as aspirações desse consumidor. Afinal, não é exatamente esse o papel de todo profissional de marketing, seja ele online ou offline?
Veja só o exemplo da palavra “celular”, que apareceu em primeiro lugar no ranking acima. No período, ela deteve 0,16% de todas as buscas que se converteram em visitas a sites de varejo. Mas todos já sabem que a alta busca por esse produto não é exatamente uma novidade. A questão fundamental é, então, saber exatamente como as pessoas buscas por esse produto.
É aqui que entra um outro relatório que pode ajudar bastante. São as variações de busca contendo um determinado termo. No caso, vejamos novamente o exemplo do “celular”.
Foram encontrados mais de 164 mil resultados diferentes, sendo o mais importante notar que o termo de busca “celulares”, que aparece no topo do ranking, representa apenas 2,18% de todas essas buscas.
Todos já ouvimos sobre a importância da cauda longa – especialmente aplicada para o mercado de Search – mas de que outra forma poderíamos levantar, de uma só vez, tantos termos que demonstram exatamente o comportamento dos consumidores?
O success rate (taxa de sucesso) é uma métrica que reporta o CTR de cada palavra. No exemplo acima, vemos que apenas 75,76% das busca pelo termo “celulares” de fato se converteram em visitas. Por que não investir mais naquelas que têm maior potencial?
Este tipo de inteligência, semana a semana, é relevante e ajuda a direcionar investimentos em marketing de busca de maneira racional. Obviamente, quem já atua com isso há algum tempo sabe muito bem que o segredo não está em olhar apenas os primeiros termos, e sim em analisar toda a cauda.
Mas isso já é papo para uma outra coluna…
Fonte:Eureka!