Por que FPGAs?
Por Rodrigo Siqueira*
A discussão sobre hardware alcançável e o software livre que interage com ele torna-se cada vez mais relevante devido às diversas polêmicas que surgiram nos últimos anos relacionadas a privacidade, vigilância e monopólio. Diversos documentos vazados pelo Wikileaks e por Edward Snowden tornaram provável ao grande público saber que vários dos seus dispositivos de hardware vêm com falhas de segurança implementadas propositalmente para que agências de segurança possam realizar qualquer tipo de vigilância sobre um usuário convencional. Várias empresas também coletam informações dos seus usuários via hardware ou software com fins comerciais sem deixar evidente que isso está acontecendo. Aliás, polêmicas sobre dispositivos médicos que são instalados diretamente no corpo de pacientes e que não são de livre ingressão nem mesmo para o próprio usuário do dispositivo têm gerado desconforto. Por término, vários pesquisadores reconhecidos vêm alertando sobre a preço de se ter uma arquitetura de hardware ensejo à qual todos possam ter aproximação para fabricar novos componentes e realizar auditorias sobre eles.
Infelizmente, o software livre relacionado à produção de hardware ainda precisa evoluir e de mais contribuidores. Um exemplo disso é o caso das FPGAs, em que o desenvolvedor é praticamente forçado a utilizar soluções restritas. Tais ferramentas não possuem qualquer auditoria da comunidade e ainda buscam restringir o desenvolvimento para dispositivos em uma única instrumento porquê forma de monetizar o licenciamento.
Em resposta a esse cenário, algumas pessoas resolveram se organizar para gerar ferramentas livres para o desenvolvimento focado em FPGAs. Dentre eles, destacam-se os projetos conduzidos e criados por Clifford Wolf, que visa fornecer troço do ecossistema necessário para o completo desenvolvimento com ferramentas livres para FPGAs. Clifford dispendeu enorme esforço para gerar suas ferramentas, incluindo longas horas de trabalho realizando a engenharia reversa de várias FPGAs. Tal trabalho é importante para prometer um ecossistema de desenvolvimento livre, dar a possibilidade de auditar códigos e encontrar bugs críticos rapidamente, de forma a evitar prejuízos com hardware e, principalmente, incentivar a pesquisa. Note que o objetivo do Clifford não é edificar novas FPGAs, mas sim entender a especificação delas para possibilitar que ferramentas livres sejam criadas.
Clifford Wolf não é o único que está trabalhando nesse contexto; o pesquisador da Universidade de Berkeley, David Petterson, também está envolvido no movimento que procura pensar o hardware livre. Petterson é famoso, dentre outras coisas, pela geração da arquitetura RISC (grande troço das CPUs modernas usam o concepção desenvolvido por ele) e outras pesquisas de eminente impacto. Nos últimos sete anos, o pesquisador de Berkeley dedicou-se à geração da próxima versão da arquitetura RISC, o RISCV, que, dentre inúmeras inovações, tem porquê vantagem principal o trajo de ser uma arquitetura ocasião. Petterson argumenta que uma CPU ensejo trará benefícios para a sociedade em diversos aspectos, dentre eles: maior liberdade de pesquisa, uma vez que as empresas detém várias patentes e acordos que tornam a pesquisa mais face; maior liberdade de auditoria; maior aquecimento do mercado, uma vez que empresas menores podem tornar-se mais competitivas perante as grandes; e maior progressão do estado da arte.
Essa discussão ganha cores ainda mais fortes quando nos lembramos que o hardware computacional está cada vez mais próximo do nosso corpo. Atualmente, já existem dispositivos médicos implantados em diversos pacientes; a expectativa, no entanto, é que o hardware embarcado em nossos corpos venha a se tornar tão generalidade quanto aparelhos celulares são hoje. Em que pesem os argumentos de mercado para proteger o uso de sistemas restritos em aplicações desse tipo, é preciso discutir onde o hardware livre pode encaixar-se nesse contexto, propondo soluções novas e abertas para toda sociedade.
Os desafios são enormes no que diz reverência ao envolvente de desenvolvimento e à geração de hardware livre. No entanto, a procura pela consolidação do hardware livre é uma extensão lógica do movimento pelo software livre. As discussões e os trabalhos estão somente começando, existe muita coisa para se edificar e muita para ajudar a melhorar; um prato pleno para desenvolvedores ávidos por colaborar e resolver os problemas da sociedade do horizonte.
* Rodrigo Siqueira é mestrando em Ciência da Computação e instituidor do software livre kuniri
Com informações de (Manancial):Código Aberto