O crowdfunding e a realização de sonhos: vamos fazer uma vaquinha?
É difícil dizer com total precisão, mas, segundo relatos, o termo “fazer uma vaquinha” surgiu na grama. Não, não estou falando de uma fazenda, mas sim de um campo de futebol. Foi lá, aparentemente, que, para estimular o desempenho de seus jogadores, a torcida do Vasco da Gama resolveu “fazer uma vaquinha”, dando origem à expressão.
O livro “O Bode Expiatório” (Editora Age; 70 pág.), de Ari Riboldi, traz, entre várias expressões, algumas outras informações sobre este termo. De acordo com a obra, no ano de 1923, a torcida do Vasco da Gama premiava os jogadores com valores proporcionais aos resultados obtidos durante as partidas.
A premiação estava totalmente relacionada ao jogo do bicho. O número 25, por exemplo, o da Vaca, era considerado em caso de vitórias históricas contra grandes rivais e rendia 25 mil réis aos jogadores. Já em caso de vitória simples do time do Vasco, valia o número 10, o do Coelho, e os jogadores faturavam 10 mil réis. Com o empate, o elenco recebia apenas 5 mil réis.
Do campo para a Internet, a expressão “fazer uma vaquinha” ganhou ainda mais força, consolidando a expressão crowdfunding (“financiamento pela multidão”). Apoiadas pelo poder de engajamento e de viralização das diversas redes sociais, blogs e sites, iniciativas de diversos segmentos, com propostas diferenciadas ganharam destaque na rede.
Há, então, muitos exemplos para lembrarmos. Não faz muito tempo, a Wikipedia anunciou que conseguiu, via crowdfunding, doações suficientes para se manter no ar durante o ano de 2012. E a Unicef apostou na campanha Own a Color para arrecadar dinheiro com o objetivo de “transformar a vida de crianças”.
No Brasil, a prática de crowdfunding ajuda o nascimento de empresas e também ganha destaque em duas das paixões nacionais: carnaval e futebol. Blocos de rua do Rio de Janeiro, imaginem só, arrecadaram, via esta prática, recursos para pagar, entre outras necessidades, fantasias, sonorização e taxas de entidades.
Na mesma linha, o meu Palmeiras realiza até dia 25 de março a campanha “Wesley no Verdão”. Dos mais de R$ 21 milhões necessários para a contratação deste versátil jogador, a iniciativa arrecadou, até o momento, pouco mais de R$ 530 mil, ou seja, apenas 2,5% do necessário.
Independente do sucesso ou não das iniciativas de crowdfunding, é interessante como estas ações aguçam a principal vontade do ser humano: a realização de sonhos; cada vez mais com a possibilidade de serem concretizados coletivamente via internet e redes sociais.
Neste contexto, vale uma reflexão proposta por Paulo Coelho, em O Alquimista: “É justamente a possibilidade de realizar um sonho que torna a vida mais interessante!”.
Eu completaria esta frase: “mais interessante para as empresas que compreenderem os valores do crowdfunding; mais interessante para as pessoas que, sem a coletividade online, demorariam muito para viajar, comprar, degustar, contratar jogadores, ajudar projetos, enfim, viver determinadas experiências”.
Então, vamos fazer uma vaquinha?
Fonte:Visão de Mundo.com