Jogo “Sobrevivendo ao Coronavírus” simula corrida de um motoboy para fazer entrega de cestas básicas (Reprodução)
Projeto une tecnologia, vivência nas periferias e cultura gamer para concordar ações solidárias de combate à pandemia de covid-19 nos territórios periféricos de São Paulo. Além de sistema de entregas, a iniciativa criou um jogo que valoriza a figura do motoboy porquê um ícone na luta pela sobrevivência e principalmente pela vontade de mudança social.
Por Tamires Rodrigues
O alastramento de casos de coronavírus nas periferias e favelas de São Paulo gerou impactos porquê o desemprego, dificuldade de isolamento social e o término do negócio informal e ambulante, além de reduzir drasticamente as rendas das famílias. Várias campanhas de ações solidárias iniciaram a arrecadação de recursos para compra e distribuição de cestas básicas, marmitas, máscaras e kits de higiene para os moradores mais afetados pela pandemia.
Uma dessas iniciativas veio da moradora do Capão Rotundo, Andreza Magro, 24, integrante do coletivo Perifacon, que criou em abril o projeto Sobrevivendo ao Coronavírus, focado em enviar kits de produtos a milénio famílias de diversas regiões da cidade. Os kits incluem uma cesta básica, material de higiene, quatro ou cinco máscaras e uma história em quadrinhos.
Mas porquê fazer para esses kits atravessarem a cidade? Para atrair mais interessados, o projeto criou um game de delivery, integrando voluntários para doações e pessoas que queiram realizar uma “carona solidária”.
“O caroneiro se cadastra, recebe uma rota e tem a possibilidade de ir junto com um voluntário nosso fazer as entregas de cesta. É porquê se fosse um Uber, um sistema de entrega de cestas básicas”, afirma Magro.
“Eu tive a teoria quando comecei a receber bastante mensagem no meu WhatsApp. Eu participava de algumas coisas com pedidos de cesta básica, logo eu achei que seria lítico me movimentar nesse sentido durante a quarentena”, diz.
Nos três primeiros dias de cadastro social, em abril, mais de 600 famílias foram registradas. Porquê a procura foi além do esperado, o grupo teve que fechar as inscrições no restante do mês, retornando somente em maio. Nas primeiras 24 horas depois o retorno, murado de milénio famílias foram inscritas, gerando um novo fechamento das inscrições devido à grande demanda.
“A gente está trabalhando para conseguir atender as outras milénio inscrições de famílias, que residem em ocupações do bairro”, afirma Magro.
Cada cesta custa R$ 55, logo para o grupo atingir a meta de milénio cestas precisa receber em média R$ 55 milénio.
Magro teve a teoria de ir além das plataformas de financiamento colaborativo e do marketing tradicional para receptar fundos. Com o colega e desenvolvedor...
Rafael Braga, criou um jogo que traz diversos elementos da periferia e possui uma narrativa que se ajusta ao projeto.
No game, um motoboy tem que pegar a cesta para fazer entregas e ainda se preocupar em desviar dos carros, fazendo uma conformidade com esse momento em que a periferia precisa “sobreviver para se manter no jogo”.
Repositório de cestas básicas arrecadadas por campanhas na região da Capão Rotundo, zona sul de São Paulo (Registo pessoal)
A noção de gamer porquê guerrilha
Quando perguntamos porquê Braga uniu suas vivências para a gamificação das ações solidárias, ele responde: “a questão é que sou um dev [desenvolvedor] periférico, eu faço secção de uma demografia ali, o preto, periférico, que não tem tantas facilidades porquê outras demografias”.
O jogo foi lançado no dia 25 de maio. A data é uma homenagem aos fãs da série “O Guia do Mochileiro das Galáxias”. “Foram dias inteiros trabalhando para que ele ficasse pronto, todo trabalho já foi muito recompensado”, afirma o desenvolvedor, lembrando que o projeto conseguiu recepcionar mais de R$ 1.000 no primeiro dia. “Eu acho que a função desse tipo de jogo é exatamente esta: invocar atenção. Muita gente joga e acha super interessante e, através disso, acaba conhecendo o projeto”, completa.
Braga diz que a teoria do jogo é trazer um cenário com muitos elementos que representam o imaginário da periferia. “O que é uma pessoa da periferia? Ela é uma pessoa que faz o corre, que está sempre ali na atividade. Ela movimenta a cidade, movimenta nosso país. Além da intenção explícita de homenagear os profissionais da moto, acabou se provando uma relação muito intensa dessa figura com a periferia”.
Umas das ferramentas utilizadas para desenvolver o jogo foi o Construct 2, um editor de jogos 2D. “Qualquer instrumento de desenvolvimento de jogos é muito rosto para mim. É muito custoso para publicar no Google Play ou para iOS. Essa é uma secção que dificulta bastante para quem é da periferia”, diz Braga.
Nesta tempo de isolamento social, Braga está se dedicando a projetos que visam combater o covid-19 nas periferias. “O que faço na verdade é ter uma noção de gamer porquê guerrilha. Eu faço o que eu posso, com as ferramentas que eu tenho e da melhor forma provável”.
O projeto “Sobrevivendo ao Coronavírus” conta com 30 voluntários e agora procura novas formas de se promover, pois ainda quer partilhar muitas cestas por diversos cantos de São Paulo.