Geek, compre um bolo e acenda a velinha. É Dia do Pi

O homem é um bicho curioso. Inventou o calendário e, com ele, várias datas comemorativas. Mas talvez nenhuma seja tão desligada da realidade física que o Dia do Pi – ou Pi Day, em inglês – comemorado nesta segunda-feira (14/3).

Por que hoje? Os mais perspicazes já devem ter percebido, mas vale dizer: no formato americano de mês e dia, a data 3/14 equivaleria, segundo os criadores, a 3,14, que é a aproximação do valor do número irracional Pi com duas casas decimais.

A criação da data, comemorada pela primeira vez em 1989, é atribuída a Larry Shaw, um físico de cabeleira oitocentista que, à época, trabalhava num museu de artes e ciências de San Francisco (EUA). Uma foto dele pode ser vista na Wikipedia.

Demorou, mas a coisa foi levada a sério. Tanto que, há dois anos, o congresso americano instituiu formalmente o apoio a tal comemoração, além de “encorajar escolas e educadores a observarem o dia com atividades apropriadas”.

Em outras épocas e lugares, houve quem investisse até em esculturas para homenagear o número, como a da foto, que ficou exposta por algum tempo em 2005, em frente a um museu de Seattle (EUA).

Em termos matemáticos, o pi é um número rebelde, mas não foi sempre assim. Escritos revelam que o cálculo que lhe dá origem – a razão entre o perímetro de uma circunferência e seu diâmetro – já era conhecido desde o Egito Antigo.

O símbolo de pi, no entanto, foi cunhado apenas em 1706, por Wiliam Jones, e popularizado por Leonhard Euler a partir de 1748. Desde então, pi tornou-se o símbolo padrão para representar este número.

No estudo de raízes de equações, o pi se destaca por ser um número irracional transcendente. Ele é irracional porque não pode ser representado por uma fração de dois inteiros, e é transcendente porque não pode ser raiz de nenhuma função polinomial com coeficientes inteiros.

Desde então o uso do pi deu muitas voltas. Na computação, por exemplo, ele é a base de diversas técnicas de criptografia. Por conta disso, há uma corrida para o cálculo de pi com o máximo de casas decimais, e que inclui o uso de supercomputadores.

Para o geek com tempo ocioso, há programas que permitem calcular pi com dezenas de casas decimais – e em qualquer PC com Windows. Um que está por aí há algum tempo é o Super PI, utilizado como aferidor de potência de processador.

O Super PI, no entanto, tem uma limitação grave: ele não utiliza múltiplas threads dos chips mais recentes, o que prejudica os testes com esses equipamentos.

É aí que entra a contribuição brasileira: o professor universitário Virgilio Borges de Oliveira, de Minas Gerais, criou o Hyper PI, um front end para o Super PI que promete dar conta do desafio.

Taí uma boa forma de comemorar o dia: bolo, guaraná e uma rodadinha no Hyper PI, só para comparar o resultado com o do PC de seu amigo. Você terá o privilégio de fazer parte de um círculo global e seleto que,  apesar de não sabermos ao certo seu tamanho, terá como resultado da divisão de seu perímetro pelo diâmetro – e, quanto a isso, temos toda a certeza – o número Pi.

Fonte:Numeralia