Está na hora de parar de se enganar e iniciar a inovar
S brasiliano não é inovador por natureza. Nunca foi, a despeito do tanto que se inflam os peitos ufanistas ao bradar, arrogantes e orgulhosos, sobre a originalidade pátrio.
Em todas as listas das mais disruptivas invenções da humanidade, do transístor à penicilina, passando pela lâmpada, pelo motor a esbraseamento, pelo computador e pela Internet, somente uma é creditada ao país: o avião. Ainda assim há ressalvas, porquê o embate sobre o detentor real da invenção (se os irmãos Wright ou Santos Dumont) e o indumento deste último ter se educado e pretérito boa secção da vida na França (de onde, inclusive, decolou o 14-Bis).
S país das “adaptações”
De genuinamente brasileiras temos poucas criações – mas muitas “adaptações” que nos ajudaram a encruzar tempos mais difíceis. Se não inventamos o motor, inventamos o sistema biocombustível (ou pelo menos uma empresa alemã, a Volkswagen, o fez em nossas terras); se não descobrimos porquê explorar petróleo, avançamos na tecnologia de exploração em águas profundas; se não inventamos a democracia, sistematizamos o processo eleitoral por meio da urna eletrônica porquê maneira de minimizar fraudes.
Em outras palavras: se não criamos tantas coisas que mudam a mundo, somos especialistas em conciliar as grandes invenções do planeta para a nossa veras. E mudar esse foco que há tanto tempo nos caracteriza é justamente maior duelo que temos na marcha em direção a um horizonte melhor.
Afinal, conciliar invenções a nichos locais significa focar o nosso olhar para dentro, para o mercado brasílico e todas as suas peculiaridades, dificuldades, regionalidades. Não que isso seja, necessariamente, um problema: temos um mercado indiscutivelmente gigante dentro do Brasil.
Só que esse “olhar para dentro” acaba trazendo, porquê efeito paralelo, uma espécie de facciosismo em relação a oportunidades além das nossas fronteiras. Explorar oportunidades no mercado pátrio é um duelo tão sui generis, tão multíplice e estéril, que o empreendedor brasílico acaba concentrando todas as suas energias em sobreviver localmente, ficando sem tempo de pensar globalmente.
Apenas para ilustrar: fora o consórcio catastrófico entre uma fardo tributária esdrúxula com uma taxa de juros trágica, há ainda uma inexplicável burocracia que, por exemplo, impõe um prazo médio de licença de patentes para novas invenções de 9 anos (contra 3,5 nos EUA e 3 na Coreia do Sul).
Ao menos legalmente, é constrangedoramente mais fácil, portanto, exportar os nossos inovadores.
S olhar para dentro e a crise
Ainda assim, enquanto o mercado brasílico estava crescendo continuamente, mesmo que em percentuais tímidos, essa oferta interna era naturalmente acomodada pela demanda. Só que, quando uma crise de maiores proporções mexe justamente na demanda, acabamos em uma espécie de beco sem saída, à mercê da capacidade do governo em contorná-la com alguma solução das quais horizonte, perdoem-me o pessimismo, parece extremamente distante.
S raciocínio chega a ser óbvio: se a maior secção dos nossos esforços foi focada em desenvolver soluções absolutamente customizadas para a nossa veras, porquê sobreviver e crescer em um contexto onde essa mesma veras deixa de perguntar?
De colônia a metrópole
A resposta é também óbvia: deixando de ajustar e passando a inovar. Perde destaque, portanto, o “jeitinho brasiliano”, que faz tanta coisa funcionar muito cá, e ganha destaque o processo de geração de soluções efetivas, disruptivas, capazes de colocar empresas brasileiras na vanguarda de um mundo extrínseco que, ao menos hoje, cresce (e compra) a ritmos invejáveis.
Pede destaque o investimento em pesquisa: no Brasil, investimento efetivo em Pesquisa & Desenvolvimento ainda gira em torno de 1,2% do PIB – metade da Alemanha, França, Japão e Coreia do Sul. Pede destaque a início de frentes mais palpáveis em regiões com grandes mercados porquê Estados Unidos e Europa, o estreitamento de acordos de transferência de conhecimento e todo o fomento de uma mentalidade de buraco de fronteiras de nossas empresas. Pede destaque a inversão da lógica a que estamos habituados desde sempre, partindo do princípio óbvio de que há mercados mais pulsantes (e muito mais fáceis de serem trabalhados) do que o interno.
Pede destaque a inserção do Brasil no cenário da inovação e empreendedorismo mundial em todos os níveis, das grandes ideias de pequenas empresas às pequenas (porém altamente impactantes) ideias de grandes empresas.
P preciso tirar de cena, já com muito delonga, a mentalidade de colônia (que adapta, de forma impositiva, as empreitadas dos mais desenvolvidos à sua veras) e trocá-la pela mentalidade de metrópole, ajudando a ditar os rumos efetivos do mundo.
E isso não depende só do governo: depende de cada uma das empresas e de cada um dos profissionais que pulsam dentro delas.
Fonte:Planos & Ideias