Compre online e receba parte do dinheiro de volta
Passada a moda das compras coletivas, os internautas brasileiros começam a experimentar uma nova onda no e-commerce nacional: a das ferramentas de fidelização. Concedendo descontos exclusivos e principalmente, devolvendo parte do dinheiro gasto pelos consumidores nas lojas online, os serviços de cashback chegaram para valer no mercado brasileiro, prometendo retenção e lealdade da clientela aos varejistas associados.
Dafiti, Americanas.com, Casas Bahia, Magazine Luiza, Submarino, Netshoes, Walmart, Ponto Frio, Centauro, Fast Shop, Ri Happy, Ricardo Electro, Oppa, Óticas Carol, Itaú, FNAC, MasterCard, Ingresso.com, Epharma são algumas das empresas que já oferecem programas de afinidade criados pela Affinion, Retorna, Dumba, Meliuz, Poup, Beruby, Cashola, Lyoness, entre outros.
O conceito de ‘CashBack’ ainda é muito jovem no Brasil. O sucesso dos serviços depende diretamente das redes de lojas afiliadas. Nenhum serviço tem custo direto para o consumidor. Não há cobrança. O lucro vem das taxas pagas pelos parceiros a cada compra realizada com o auxílio das soluções oferecidas.
São uma maneira dos varejistas atraírem compradores, sem oferecer descontos iniciais e dos consumidores reduzirem o preço de uma grande compra.
Um dos primeiros cashback lançados no Brasil foi o Meliuz, usado por grandes lojas de varejo online. A cada compra realizada, o usuário recebe uma comissão – em média, 5% sobre o valor da transação – que vai para a sua “poupança” online. Após acumular R$ 20 em créditos, o cliente pode transferir o valor direto para sua conta bancária. Com operação desde setembro de 2011 e um crescimento médio mensal de 20%, o site possui hoje 200 mil usuários cadastrados.
A solução Compra e Volta, da Affinion, segue o mesmo modelo, com pequenas diferenças. “A maioria dos custos fica por nossa conta. Procuramos empresas que tenham visibilidade e resultados para criar soluções que fidelizam o consumidor”, afirma Maurício Rodrigues Alves, presidente da Affinion no Brasil.
“Os consumidores têm necessidades muito diversas atualmente. Por isso investimos na criação de soluções para que as empresas contemplem essas demandas, através de programas de fidelidade white label que implicam descontos, pontuação para programas de milhagem aérea e viagens em geral e seguros, entre outros benefícios. São soluções customizadas que permitem ao cliente aumentar e reter uma base cada vez maior de clientes ativos”, explica Alvez.
O portal Compraevolta.com tem hoje mais de 90 lojas.
O Dumba, por sua vez, também atua ofertando descontos em empresas parceiras, devolvendo para o consumidor parte do dinheiro gasto em compras e serviços. Além disso, permite o acúmulo de pontos que nunca expiram e podem ser trocados por prêmios. Segundo seus administrados, tem em carteira mais de 100 empresas parceiras, totalizando mais de 20 mil estabelecimentos distribuídos por todo o Brasil para os mais de 70 mil associados.
Para participar do Dumba, existem três formas: convidado, associado ou revendedor. O convidado pode fazer compras em dezenas de lojas virtuais e solicitar seu cashback (receber de volta uma parte do seu dinheiro gasto, paga pelo parceiro onde efetuou a compra); já o associado faz um investimento anual de R$ 150 e adquire o Cashback Card Dumba para usufruir dos descontos oferecidos também por parceiros físicos e receber parte do dinheiro gasto nestas compras, de volta. Aos que optam por serem revendedores, o Dumba oferece um custo baixo e alta alavancagem, pois permite um mark up de até 100% pela comercialização de seus produtos. A base de revendedores também é responsável por alavancar o número de empresas credenciadas na rede.
“No mercado americano essa forma de parceria já representa 27% de todas as compras on-line”, explica o publicitário Luiz Augusto Barros, do Retorna, um dos caçulas da turma. O serviço entrou no ar em março deste ano, com aproximadamente 50 lojas cadastradas. Hoje tem 68 lojas ativas, listadas no site, incluindo a Camiseteria, a ToyMania, o Groupon e o ClickOn.
A ideia de atuar neste segmento surgiu em 2013 quando Luiz Augusto procurava algo para movimentar o e-commerce brasileiro. “Me perguntava a razão dos sites dos sites de cashback não serem muito conhecidos aqui. Mas com a rápida evolução do último ano, tanto do comércio eletrônico quanto dos consumidores brasileiros, acredito que seja a hora certa da explosão desse tipo de serviço”, explica.
Na opinião Luiz Augusto, o Cashback é alternativa para consumidores que querem fugir de entraves dos programas de fidelidade tradicionais, que vão desde acumulo de pontos em cartões de crédito, companhias aéreas, supermercados e até os postos de gasolina, nos quais o cliente precisa consumir um montante muito superior para trocar por no máximo 2% do total. “Para somar 50 mil pontos no cartão, o suficiente para uma viagem de São Paulo a Nova York, por exemplo, você precisa gastar cerca de 115 mil reais, o que equivale a menos de 2% das compras efetuadas na bandeira”, esclarece. “Ninguém aguenta mais fazer contas mirabolantes para saber quanto ganhou e por qual produto pode trocar”.
Por isso se preocupou em criar um serviço bem simples. Basta o usuário tem que acessar o site do Retorna e se cadastrar. A partir daí, sempre que fizer uma compra nas lojas filiadas, ganha parte do que pagou de volta em sua conta bancária entre 30 a 90 dias. Normalmente, cerca de 3% do valor gasto, podendo chegar a até 11%. “A única restrição em relação ao resgate do dinheiro é o saldo mínimo de 30 reais”, afirma Luiz Augusto Barros.
Para os consumidores que não querem informar os dados da conta bancária para receber a porcentagem relativa às compras a equipe do retorna está trabalhando para oferecer outras opções como receber em vale-compras ou resgate de descontos.
O grande desafio de todos esses serviços será educar o mercado. “O brasileiro está acostumado com as promoções e os descontos, mas não reembolso ou premiações por fidelização”, explica Maurício Rodrigues Alves, da Affinion.
Além disso, há uma grande preocupação dos órgãos de defesa do consumidor com as armadilhas associadas a estes sistemas on-line.
A exemplo do que aconteceu no boom dos sites de compras coletivas, há o temor de que aproveitadores comprometam a credibilidade do modelo. Aconteceu em mercados mais maduros. Fóruns de consumidores online estão cheios de clientes expressando frustração, relatando atrasos na obtenção dos benefícios, entre outros problemas mais sérios. Por que aqui seria diferente?
Fonte:Circuito De Luca