A gente viu smartphone de todo o tipo surgindo em 2019 – da volta do flip até os dobráveis que dão um gostinho do que vem por aí nos próximos anos. Uma das categorias que tá ficando cada vez mais generalidade é o de celulares com nenhum notch. Eu testei o Huawei Y9 Prime, que tem uma tela com praticamente 100% de aproveitamento e com a câmera frontal, que fica escondidinha na secção de dentro. Neste review falo um pouco sobre o que tem de bom, e também problemático, nesse aparelho.
Estudo em vídeo:
Um intermediário de reverência
O Y9 Prime entra na categoria de intermediários da Huawei. Ele tem o processador Kirin 710F com oito núcleos rodando a 2.2 GHz, 4 GB de RAM, opções de 64 GB e 128 GB de memória interna e uma bateria de 4.000 mAh que não é removível. São especificações regulares que você encontra na maioria dos smartphones que ficam entre os aparelhos mais básicos e premium.
Em pouco mais de um mês usando, deu para perceber que ele é um dos maiores acertos da Huawei nesse segmento de intermediários, já que a performance fica um pouco supra da média para esse tipo de smartphone. Jogos, fotos, vídeos, enfim, toda essa gama de teor multimídia rodou numa boa, mas notei que o aparelho esquenta bastante fazendo tudo isso ao mesmo tempo. A bateria também tem uma autonomia óptimo, durando entre um dia e meio. Ou até dois, se eu não usasse tanto assim durante minha rotina. Eu só senti falta da função de carregamento rápido, que hoje já dá pra encontrar em muito smartphone intermediário. Para recarregar por inteiro, eu precisei de quase 2h40 minutos.
O Y9 Prime vem com o Android 9.0 Pie adequado à EMIU 9.1, que é a interface proprietária da Huawei. A experiência foi super fluída, mesmo eu abrindo mais ou menos dez apps simultaneamente ou várias abas no Google Chrome. As modificações que a Huawei faz na interface são muito sutis, embora ainda dê para notar um jeitinho de smartphone asiático ali no sistema.
O que fica é a incerteza se o Y9 Prime continuará recebendo atualizações, já que ele é um dos últimos smartphones que a operário lançou em 2019 que ainda tem entrada à Play Store. Já explicamos em alguns textos (cá, cá e cá) essa romance toda envolvendo a Huawei e o governo dos Estados Unidos. Mas resumindo: Donald Trump proibiu a empresa de fechar negócios com qualquer companhia americana. E isso inclui o Google, que desde a proibição não permite mais que a Huawei use o Android em futuros aparelhos. O Y9 foi lançado antes dessa mudança, mas ainda fica a incerteza se atualizações de segurança ou futuras versões do Android chegarão ao aparelho, mesmo se você importá-lo cá para o Brasil.
E por que eu digo importar? Porque ele ainda não está à venda oficialmente no país. Ele já foi homologado pela Anatel lá no final de julho, início de agosto, mas por enquanto, zero da Huawei falar “olha, lançamos o 79 Prime no Brasil”. Você tem essa opção de importar ou comprá-lo no marketplace da Amazon, Mercado Livre e outras varejistas. Em média, o preço fica ali na filete dos R$ 1.400, o que é um valor bacana para um padrão intermediário.
Design familiar
O design do Y9 Prime segue a tendência da maioria dos dispositivos que a Huawei lançou em 2019. Na secção traseira tem esse azul bicolor que é mais evidente na secção de cima, onde ficam as câmeras e o leitor de impressões digitais, e escuro embaixo. A traseira é feita de plástico, logo esteja prestes para enfrentar marcas de dedo. Ainda assim, a Huawei caprichou no aprimoramento, que não passa tanto essa sensação de material barato.
O aparelho tem poucas portas: exclusivamente a bandeja para chip de operadora cá na secção superior e a ingressão USB-C, que fica entre a saída de basta-falante e a ingressão P2 para fone de ouvido. É bom ver que a Huawei preservou essas características mais básicas sem mexer tanto na espessura, já que as bordas são levemente curvadas para trás. E mesmo sendo grande desse jeito, é também um celular muito ligeiro, com quase 197 gramas.
Mas os maiores destaques do Y9 Prime começam mesmo na tela frontal de 6.59 polegadas. Ela é Full HD+ e vem sem nenhum notch. E as vantagens você deve imaginar, né? Com...
um aproveitamento quase que totalidade do quadro, conteúdos porquê jogos, vídeos e imagens cobrem todo o display. Tudo é muito matizado e reluzente graças aos 391 ppi de densidade de pixel, mas mexer na tela em dias muito ensolarados pode ser um problema, já que as imagens ficam muito difíceis de enxergar, mesmo com o clarão lá no talo. Também percebi uma perda de contraste, mas é alguma coisa compreensível visto que temos cá uma tela LCD, e não um OLED ou AMOLED.
E é aquela coisa: quando você usa um aparelho livre de entalhe, meio que não dá para voltar detrás, até para aparelhos com notch muito humilde, em formato de pinga. Bom, a gente ainda vai ter que esperar alguns anos pra ver se esse vai ser o padrão dos novos smartphones.
Uma solução para o não-entalhe
E cadê a câmera frontal do Y9 Prime? Ela tá cá, mas fica escondida até você ativá-la no aplicativo de câmera. O mecanismo usado pela Huawei é do tipo pop-up, logo quando você troca pra câmera frontal, o módulo levanta de ordinário para cima, revelando o sensor. Segundo a Huawei, esse movimento de furar a câmera pop-up pode ser feito mais de 100 milénio vezes sem comprometer o funcionamento do apaelho. Fazendo uma conta rápida: nessa quantidade, você pode fazer muro de 30 selfies por dia por nove anos sem dar de rosto com nenhum problema no módulo.
Aliás, a Huawei afirma que a peça suporta até 15 quilos. Tem até um mecanismo de segurança que retrai involuntariamente a câmera se detectar uma queda ou sobrepeso, evitando maiores impactos. Evidente, muita coisa pode ocorrer em nove anos, portanto lembre-se que qualquer poeirinha ou líquido que entrar ali pode comprometer o funcionamento do dispositivo que, sempre bom lembrar, não tem resistência à chuva ou poeira.
Na qualidade das fotos, o Y9 Prime entrega aquilo que você espera para um aparelho intermediário. A câmera frontal tem 16 MP, com recta a fundo desfocado. E só. Não tem nenhum outro recurso específico. Sem recontar que as fotos mantém aquele paisagem esbranquiçado e reluzente que as fabricantes asiáticas insistem em investir.
As coisas melhoram um pouco nas câmeras traseiras. São três sensores, incluindo o principal de 16 MP, um ultra-wide de 8 MP e um terceiro de 2 MP para efeito de profundidade. As câmeras incluem o algoritmo de lucidez artifcial da Huawei que permite detectar e utilizar até 22 modos de foto em mais de 500 tipos de cena. Ou seja, se você tirar foto do pôr-do-sol, de um prato de comida, de flores, objetos, enfim, o aparelho vai ativar um desses 22 modos com o melhor ajuste de luz, fulgor, contraste e outros efeitos. Particularmente, palato dessa “automação”, mas acho essa ativação automática um tanto desnecessária em alguns momentos. Finalmente, não é sempre que eu quero ter cores estouradas além da conta ou com muito contraste.
Outra coisa bacana é que o Y9 Prime, mesmo sendo um aparelho mediano, tem incluso um modo noturno na câmera traseira. Pouquíssimos smartphones dessa categoria vêm com essa função, e apesar das fotos ainda parecerem um tanto artificiais, elas saem com um resultado satisfatório que superou minhas expectativas.
Vale a pena?
A epílogo que fica é que o Y9 Prime foi uma das apostas da Huawei em 2019 para quem procura por um smartphone dispêndio-favor. Se a gente compará-lo a modelos de outras fabricantes, vão ser poucas as diferenças que vamos encontrar. É por isso que a Huawei optou por remover o notch e colocar uma câmera frontal embutida, que por si só é o principal engodo do resultado. Performance, bateria e câmeras traseiras estão supra do que se espera para um aparelho intermediário, fazendo do Y9 Prime uma das opções mais vantajosas, mormente se você quer fugir um pouco desse eixo de intermediários escravizado por Samsung, Motorola e LG.
Por outro lado, ao optar pelo Y9 Prime, é preciso estar consciente que muita coisa pode mudar no sistema operacional, uma vez que a Huawei se encontra em uma posição delicada frente às restrições impostas pelos Estados Unidos. Será que eu ainda vou poder usar os aplicativos da Play Store? Será que o celular vai receber atualizações de sistema? E updates de segurança? São muitos “serás”, e cabe a você colocar isso tudo na balança.