Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) – Varejistas brasileiras começaram a sentir o impacto da epidemia de coronavírus, conforme shopping centers fecham as portas e a população atende aos apelos de autoridades para permanecer em moradia, mas um segmento da indústria ainda pode se beneficiar da crise: o negócio eletrônico.
A Associação Brasileira de Negócio Eletrônico (ABComm) informou nesta quinta-feira que deve em breve revisar a estimativa de faturamento em 2020, já que alguns sites têm registrado desde 12 de março subida de até 180% nas vendas, em privativo de itens alimentares e farmacêuticos.
Antes do coronavírus, a ABComm previa subida de 18% da receita do negócio eletrônico do país em 2020, a 106 bilhões de reais.
Com o número de casos confirmados subindo para 621 na presença de 193 na quarta-feira, os brasileiros estão restringindo hábitos de consumo a mercadorias essenciais encontradas mormente em farmácias e supermercados, os chamados setores “defensivos”.
As ações da subsidiária lugar do grupo varejista galicismo Carrefour subiram mais de 12% em relação ao fechamento de sexta-feira, superando o desempenho do rival GPA, cujos papéis caíram 1,6% no mesmo período.
Ainda assim, ambas vem tendo desempenho significativamente melhor que outras varejistas de bens duráveis porquê Via Varejo e Magazine Luiza, cujas ações desabaram mais de 47% e 27%, respectivamente, entre o fechamento do dia 13 de março e o desta quinta-feira.
“Eletrodoméstico, eletrônicos e vestuário...
são hábitos de compra que podem ser adiados, diferentemente de mantimentos e remédios que são sempre necessários”, explicou a co-gerente de renda variável da Eleven Financial Research, Daniela Bretthauer.
Ela também observou que muitas das varejistas de eletrônicos e eletrodomésticos têm lojas dentro de shopping centers, que agora estão fechando as portas para executar com as recomendações de autoridades para evitar a concentração de pessoas.
Somente nesta quinta-feira, o fluxo de visitantes em shopping centers brasileiros desabou quase 50% em relação ao mesmo período do ano pretérito, conforme levantamento da FX Retail Analytics em parceria com a startup de finanças F360º e com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).
Desde 14 de março, a queda acumulada cercadura 26% ano a ano.
Considerando lojas físicas de rua, a pesquisa aponta recuo superior a 22% no fluxo de visitantes entre 14 e 18 de março, em relação a igual pausa de 2019.
Enquanto algumas varejistas são forçadas a suspender as atividades, outras estão tomando a iniciativa de fechar as lojas físicas para concentrar as operações no negócio eletrônico.
Uma delas é a Lojas Renner, maior varejista de tendência do país, que mais cedo anunciou o fechamento de todas as lojas no Brasil, Argentina e Uruguai por tempo indeterminado a partir de 20 de março. A operação de negócio eletrônico da empresa seguirá funcionando no Brasil, com menos colaboradores.
(Reportagem de Gabriela Mello)